Quando a Borboleta voa ...
Quando por qualquer motivo as crianças deixam de estar com os seus pais, estes vêm as suas vidas transformarem-se diariamente. Os Pais e Familiares iniciam uma viagem a que chamam a "caminhada do luto", para continuarem a acompanhar a sua borboleta que partiu. À Borboleta é atribuído o significado de transformação, e acarreta a análise de uma perda colectiva, não só dos membros que integram um Grupo de Ajuda Mútua, como de todos os que se encontraram em abordagem cuidativa com estas crianças.
As perdas envolvem a criação de estratégias, tais como:
- fomentar a partilha na equipa de saúde;
- procurar um porto de abrigo, seguro à expressão dos sentimentos;
- criar grupos de ajuda mútua para apoiar os profissionais de saúde;
- escutar, escutar e escutar muito.
Mesmo nos grupos não orientados para o apoio em luto, estes podem continuar a sua caminhada na manutenção da Luz da Esperança. Como dizia uma mãe: "...pelo menos que a equipa de enfermagem nos continue a contactar, pois é sinal que não se esqueceu de nós". Pelo que acreditamos que quando a borboleta voa, ensina-nos a acompanhá-la na valorização dos pequenos detalhes da vida.Em suma, ter esperança é esperar, tolerar constantes provas e saber que alguém está a fazer um esforço para ajudar, que alguém luta ao nosso lado.
São as crianças que escolhem as suas famílias, tal como afirmou Kubler-Ross, numa carta que redigiu a uma criança com cancro: “Tú y Dios escogisteis a tus padres de entre muchísimos que había. Los escogiste, pues querías ayudarlos a crecer y aprender; ellos también pueden ser tus maestros” (1991:4). KUBLER-ROSS, Elisabeth – Carta para un niño con cáncer. 1. ª ed., Luciérnaga, 1991. ISBN 84-87232-18-3. 13p.