sexta-feira, setembro 22, 2006

Uma Porta Aberta para a Espiritualidade

As mães de crianças com austeras limitações, costumam afirmar que mesmo “…se Deus lhes pedisse para escolher entre o seu filho doente por um outro filho saudável, nunca aceitariam a troca proposta …”, é o indiscutível amor incondicional. Este amor leva a que acreditem na cura, mesmo que se trate de uma doença incurável. Acreditem nos progressos da medicina, apesar destes não estarem cronologicamente assinalados. Acreditam na ajuda divina de que necessitam, transferindo-a numa vontade empática de ajudar outras mães com idênticas vivências.
Percorrem assim uma caminhada, a que chamam MISSÃO. Missão de aprender ... missão de ajudar ... missão de fé e de esperança, que fica para sempre nos seus corações. Para nós, enfermeiros esta missão, reflecte-se no acreditar na dimensão espiritual de quem cuidamos. Esta tem sido a mensagem que a ajuda mútua, nos tem deixado...Rezamos em conjunto, e a força da união surge como por magia, perdurando nos serviços onde prestamos cuidados!
A dimensão espiritual invoca sentimentos e emoções, que demonstram o dar tudo por amor ... pela fé e pela esperança, o que contextualiza o sentido de vida destas famílias.
A porta de acesso à "Espiritualidade e Saúde", abre-se aqui:
Parabéns ao grupo de investigação, pelo excelente Blog!

quarta-feira, setembro 13, 2006

A Carta de Reforço

O que é uma carta de reforço? E para que serve?

Na minha caminhada apreciativa, aprendi que os momentos mais significativos que decorrem da prática de cuidados, sobressaem quando os observamos e sentimos como momentos de valorização de quem cuidamos,em qualquer contexto.
Wright caracteriza as cartas de reforço como “cartas terapêuticas”, afirmando: “…verificamos que elas são um meio maravilhoso de transportar para as casas, mentes, corações e espíritos dos familiares …Elogios que realçam as forças, os recursos e as competências …” (2005:122).
Deixo um exemplo:

"O carinho com que os pais cuidam dos seus filhos, toca bem fundo em qualquer coração. Reconhecendo que o sol nem sempre ilumina esse cuidar, dou-vos os parabéns pelo excelente trabalho que têm desenvolvido, junto do (a) vosso (a) filho (a).
Esse trabalho tem-nos recordado que a luz pode emergir da dedicação e da força do amor poderá sempre nascer ... a Esperança.
Obrigado por serem como são".
Referência Bibliográfica:
WRIGHT, Lorraine M. – Espiritualidade, Sofrimento e Doença. 1.ªed., Coimbra: Ariadne Editora, 2005. ISBN 972-8838-19-0.127p.

sábado, setembro 02, 2006

A Descoberta do Inquérito Apreciativo!



Após três anos de funcionamento do GAPCDC, tive a oportunidade de efectuar uma tese de mestrado intitulada: "O Encontro com a Ajuda Mútua: Percepções dos pais de crianças com doença crónica", da qual deixo um pequeno resumo:
Com este trabalho pretendemos divulgar a temática referente aos grupos de ajuda mútua e às actividades que os mesmos promovem, percepcionadas pelos pais de crianças com doença crónica. Para tal é divulgada a experiência do Grupo de Amigos e Pais da Criança com Doença Crónica, e os principais resultados de um estudo de investigação em curso neste contexto. Os elementos teóricos incidem nos conceitos relativos à família, aos pais da criança com doença crónica, à ajuda mútua, como uma forma de suporte social e sob a perspectiva do CMM (Coordinated Management of Meaning), à análise de episódios comunicacionais ocorridos no espaço de partilha entre pais e profissionais de saúde.
A utilização do Inquérito Apreciativo como abordagem metodológica no estudo supracitado recaiu na premissa de que através de questões apreciativas, podem ser recreados os desejos dos membros do grupo de ajuda mútua, despertando o seu potencial criativo com vista a uma mudança mais positiva das suas actividades. Dos dados obtidos, foi possível planificar estratégias de intervenção e efectuada uma reflexão acerca dos três níveis de suporte social (emocional, instrumental e formativo) que tem sido disponibilizado pelo grupo em análise, o que tem contribuído para o sucesso desta forma de cuidar. A continuidade da investigação ao nível dos contributos da ajuda mútua, visa o aperfeiçoamento dos profissionais de saúde que pretendem investir na sua aplicação nos diferentes contextos de trabalho, para além de puderem proporcionar bem-estar nos membros que os integram.
Obrigado, Grupo Apreciativo por tudo ... de tanto!

A Sombrinha das Emoções!


Nos encontros mensais com os pais de crianças com doença crónica, membros de um Grupo de Ajuda Mútua, por vezes, emergem dinâmicas emocionais que nos colocam em posições mais complexas na Arte do Cuidar.
No entanto, é através do modo como os mesmos lidam com os obstáculos inerentes à doença dos seus filhos, que como profissionais de saúde aprendemos a "Viver um dia de cada vez com a melhor qualidade possível". E, é nesta postura que estamos nos mencionados encontros. Não se fala da cura total, em crianças com doenças de prognóstico reservado, por exemplo, mas em tudo o que a criança tem de positivo, nas competências dos pais, nas suas forças e essencialmente no .... Acreditar!
Acreditar no aumento de espaço que ocorre entre as agudizações da doença, na diminuição dos internamentos e das recorrências hospitalares. Como enfermeiros, devemos aprender a ver o melhor no que nos rodeia e acreditar que podemos melhorar cada vez mais a nossa intervenção e fazer a diferença para alguém!